Lições de fracasso de Gustavo Franco para Campos Neto

Roberto Campos Neto é notícia até quando seu sucesso é um fracasso, como aconteceu agora em Lisboa. O presidente do Banco Central falou para menos de 30 pessoas no Fórum Jurídico promovido pela universidade de Gilmar Mendes.

Seu colega Gustavo Franco, que ocupou a mesma função no Banco Central no final dos anos 90, lotou em abril último o auditório da PUC, em outro fórum, o da Liberdade, em Porto Alegre.

O homem no centro da crise cambial de 1999, mandado embora do BC por incompetência, deu lições aos amigos liberais sobre como prosperar combatendo o que definiu como “terraplanismo econômico” dos governos do PT. Franco foi aplaudido demoradamente.

É como se Luiz Felipe Scolari, o técnico que tomou 7 a 1 da Alemanha na Copa de 2014, no maior fiasco da história de Seleção brasileira, oferecesse hoje suas lições de eficiência criticando os alemães.

Franco saiu do BC sem saber o que fazer com o câmbio e os juros e deixou as reservas cambiais no segundo governo Fernando Henrique Cardoso raspadas em pouco mais de US$ 20 bilhões.

Os governos do PT foram encerrados à força com o golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, mas formaram reservas de US$ 380 bilhões. O liberal Gustavo Franco promoveu fuga de capitais e disseminou o terror. Os esquerdistas Lula e Dilma fortaleceram a moeda e atraíram a confiança externa.

Roberto Campos Neto poderá falar, em futuros Fóruns da Liberdade, sobre como amordaçou um governo eleito impondo sua autonomia de bolsonarista infiltrado como presidente do BC.

O chefe nomeado do que antes era apenas uma autarquia, mas agora age sob a proteção de um mandato estável de quatro anos, poderá contar, como Gustavo Franco conta com suas versões ao avesso, como impôs ao Brasil o maior juro real do mundo. Em nome da preservação do que eles chamam de fundamentos da economia.

Campos Neto poderá dizer em suas palestras como um dia comparou situações incomparáveis, como essas que os jornalões publicaram com o que teria sido uma tentativa de atacar o diretor do BC Gabriel Galípolo, seu provável sucessor no comando do banco.

Para cutucar o diretor de política monetária indicado por Lula, Campos Neto disse em entrevista ao jornal Valor Econômico, ao ser questionado sobre os seus encontros com políticos da extrema direita:

“A próxima pessoa que sentar na minha cadeira provavelmente vai a eventos do governo (referindo-se a Galípolo). O que tem que ser cobrado dele não é se ele vai estar num evento do governo, se ele vai estar numa festa na casa de uma pessoa que seja muito de esquerda. O que deve ser cobrado é qual foi a decisão que tomou”.

Campos Neto tentou criar uma equivalência entre presumidas conversas de um diretor do BC com os gestores eleitos do país e as conversas dele, Neto, com líderes do bolsonarismo.

Como se citasse relações de guardiões da Amazônia, em quaisquer instituições de Estado, com grupos interessados em preservar a floresta, e ao mesmo tempo tentasse compará-los com agentes do mesmo Estado que jantam com desmatadores, grileiros e garimpeiros. E sabe-se que jantavam mesmo.

Campos Neto não consegue esconder que a turma dele é o mercado financeiro acumpliciado com facções do bolsonarismo. Mas o mercado cuida das suas coisas, e não dos interesses do país. O mercado não tem voto. Não submeteu programa de governo ao escrutínio popular. Mercado não tem prerrogativas para governar, ou não deveria ter.

O encontro de um integrante do BC com alguém do governo não tem nada de equivalente a um jantar do presidente do BC com grupos políticos bolsonaristas encarregados de sabotar o governo.

O presidente do BC vem amplificando sua fala em defesa da austeridade e tem desenvolvido teses de prova de Enem sobre responsabilidade fiscal, estabilidade e confiança.

Mas acham normal que não pare de falar. O considerado anormal é Lula dizer que não fará arrocho em cima do lombo do povo e que tem gente ganhando dinheiro com dólar.

É normal que um sujeito sem programa de governo, sem mandato e sem os direitos e as obrigações de governante fale como se estivesse governando o país. E o anormal passou a ser a voz de um presidente da República tentando impor suas ações e ideias a partir do que prometeu e do que precisa fazer. Essa é a normalidade brasileira.

Investindo ou não na carreira política ao lado do bolsonarismo, Campos Neto nem precisa perguntar a Gustavo Franco (que virou um mero perdedor palpiteiro) como um sujeito fracassado na missão de proteger a moeda consegue lotar um auditório. É só continuar fazendo o que já faz para impedir que Lula governe.

5 thoughts on “Lições de fracasso de Gustavo Franco para Campos Neto

  1. Para quem não entendeu ainda o que é o GILMARPALLOZZA, vamos lá: nunca foi um evento jurídico. É simplesmente um evento de PODER. Gilmar Mendes quer mostrar e demonstrar ao Brasil, sem meios termos, quem é o cidadão mais PODEROSO da República. Ele, é óbvio. Enquanto LULA fala para meia dúzia de gatos pingados em Contagem, Minas Gerais, e no Jardim Ângela, em São Paulo, Gilmar Mendes está em Lisboa mostrando quem MANDA de fato no Brasil, reunido com a nata do judiciário, do parlamento e do empresariado. LULA é um sindicalista ferro-velho do século passado, completamente desatualizado, superado, ultrapassado, cansado. Lula, que nunca encostou seus dedos numa máquina de escrever , nem sabe o que é um microcomputador, um iPhone, um smartphone, um Tablet, redes sociais, NADA. Suas ideias são do trabalhismo de Getúlio Vargas (este sim, um FASCISTA de verdade), das décadas de 30 e 40. Até petistas muito próximos a Lula admitem que ele está de saco cheio e só quer saber de beber e viajar. Aliás, eu nunca vi o Lula aparecer tantas vezes BÊBADO publicamente, tanto no Brasil como no exterior. Eu só tenho dúvidas de quem vai colapsar primeiro, se o fígado ou o CÉREBRO do dito-cujo. Os sinais de DEMÊNCIA já são visíveis, não CHEGAm ainda à escala Biden de senilidade, mas avança a passos largos. Ninguém no Brasil, nem os militantes profissionais do PT estão dispostos a sair às ruas para defendê-lo. É um ZUMBI político. Um morto-vivo, à espera da paz derradeira que enfim o vai redimir.

    1. Mas de que CAMINHÃO caiu este tal de ferdinando.? Uau! O imbecil destila dor de cotovelo e ódio a cada letra que mal escreve !

  2. Essa turma reaça gosta de juros altos pra eles e rendinhas fixas irrisórias para quem não tem contas EM dólar em paraísos fiscais. Lula tem de atingir o povão em rede nacional, urgente.

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